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Um tiro chamado: 1º Congresso de Dança de Salão Contemporânea.

(Colaboraram neste texto: Fernanda Conde, Kelly Poli e Tony Rubinho).

Entre os dias 27 e 29 de Abril de 2018 aconteceu o 1º Congresso de Dança de Salão Contemporânea (DSC) em Belo Horizonte, e depois de uma semana organizando tudo no corpo e no pensamento, contarei aqui pra vocês um resuminho do que foi estar lá, vivendo e respirando revoluções dançantes.

O evento teve como tema GÊNERO e DIVERSIDADE e reuniu pesquisadores de diversas partes do Brasil para debater, trocar, fortalecer e dançar as abordagens contemporâneas que estão surgindo nas Danças de Salão. Samuel Samways, bailarino e pesquisador de Dança de Salão Contemporânea com foco na Condução Mútua, foi o curador do congresso e só escolheu gente closeira para contribuir nesses dias intensos de transformações.

Foto: Gilberto Goulart

Que comecem os jogos, não, as danças, quer dizer, a revolução!

No primeiro dia (27) tivemos aula de Condução Compartilhada com a pesquisadora e professora Carolina Polezi (Campinas/SP). Carol trouxe exercícios que estimulavam a multi conversa dos corpos que dançam e mostrou que é possível compartilhar a condução até mesmo nos ritmos de estruturas mais fechadas, como o samba de gafieira.

Imagem acessível: Carolina Polezi com camiseta regata azul sorrindo

Foto: Gilberto Goulart

Em seguida, mergulhamos na aula de Tango Queer da Paola Vasconcelos (Porto Alegre/RS). Já pensou em se transformar num gato ou samurai em uma aula de dança? Pois é, realizamos essa façanha! De maneira lúdica e divertida, Paola conseguiu nos trazer possibilidades de dançar Tango assumindo o papel que quiséssemos, tanto como quem conduz ou como quem responde a condução, sem precisarmos nos encaixar no papel pré determinado pelo nosso próprio gênero, que tradicionalmente divide homens e mulheres em condutores e conduzidas. Foi topclose!

Foto: Gilberto Goulart

E aí você está pensando: “caraca, quanta maravilhosidade num dia só”. E eu quero dizer: "TEVE MUITO MAIS"!

Saímos dessas aulas - extasiados - e fomos assistir a palestra da Laura James, professora de dança de salão Queer, Mulher Trans, Lésbica, organizadora do Baile “Forró Queer” e criadora do primeiro espaço dedicado a aulas de danças e pesquisas Queers no Brasil (a Ata-me! Dança de Salão). Nesta palestra ela nos contou como organiza sua escola e seus preceitos. Ficamos impactados com este trabalho tão lindo.

Foto: Gilberto Goulart

De lá fomos assistir ao divino espetáculo "Salão" do Coletivo Casa 4, direção de Leandro de Oliveira, com os bailarinos Alisson Jorge, Guilherme Fraga, Jônatas Raine e Ruan Wills. “Salão” trata dos estereótipos de gênero que tradicionalmente envolvem as danças de salão, trazendo em si as experiências e violências sofridas por seus intérpretes-criadores de "corpos viados, afeminados, fechativos, brutos e mais um bocado de coisas". E que potência de trabalho! A mensagem da obra vai além dos salões e diz muito sobre o que é ser gay na vida. Ficamos com o coração na mão e extremamente tocados por tamanha beleza!

Foto: Gilberto Goulart

E então chegou o momento de descarregar todo aquele sentimento bom que permeava nossos corpitchos no Forró Queer, organizado pela queridíssima Laura James. “Que forró foi esse? Que forró foi esse que tá um arraso?!”

Foi cada dança incrível, minha gente! Todo mundo dançando com todo mundo, sorrindo, brincando, criando e nos deixando ainda mais ansiosers para o que aconteceria nos próximos dias!

Foto: Verônica Martins/ VIVA

Cansou?

Chuchu temperado da minha vida, senta, colocar o fone de ouvido numa música delicinha, porque tem muito mais pela frente.

E o primeiro close do segundo dia (28) foi com o Casa 4, coletivo formado por 4 lindos (em todos os sentidos, ai meu coração!) e geniais homens gays, que busca através desse projeto romper com os estereótipos de gênero que a dança de salão tradicionalmente nos impõe. A oficina foi de compartilhamento do processo criativo do espetáculo "Salão" e pudemos sair da aula com um pedacinho deles em nós! <3

Foto: Gilberto Goulart

Logo depois começamos uma aula de Forró Queer com Laura James e Marina Coura, na qual abordaram de forma democrática a aprendizagem do forró. Mas não foi só isso não, baby! As meninas trouxeram também reflexões sobre letras de músicas, muitas vezes machistas, LGBTQIfóbicas e racistas, que passam despercebidas em aulas e bailes, abrindo nossos olhos (e ouvidos) para essa questão.

Foto: Gilberto Goulart

Não satisfeitos, a programação (e que programação <3) nos levava à uma palestra incrivelmente necessária para a comunidade da dança de salão! "Para além de damas e cavalheiros: os papéis de gênero nas danças de salão" da digníssima Débora Pazzeto (QUE MULHER!) conseguiu lacrar geral. Queria conseguir compartilhar cada frase dita por ela, mas é impossível, porque estava vivendo tanto aquele momento que não consegui registrar em imagens, apenas em memórias. Desculpe sociedade, mas trago notícias que o artigo, com o mesmo título da palestra, está para ser publicado e aí vocês poderão ler o que nossos ouvidos aplaudiram. (O chão vai tremerrrrrrrr!!!!)

Foto: Gilberto Goulart

Tivemos logo após esse babado, um momento de trocar outros babados, pesquisas, estudos e vivências. Seres em movimento, compartilhando movimentos. E sem perceber entramos no espetáculo “Monstra” criado pelo coletivo Terceira Margem, que se iniciou ali mesmo, no hall do Teatro Marília, já nos deixando ansiosers para o que viria acontecer lá dentro, no palco. “Monstra” foi uma mostra fabulosa de como as relações contemporâneas não podem se ausentar na arte, trazendo uma autocrítica à própria dança de salão. O espetáculo terminou nos envolvendo por inteiro. É surpreendente, garanto!! #recomendo #semSpoilers

Foto: Gilberto Goulart

Neste momento pensamos: “acho que meu coração não aguenta mais tantos momentos felizes”. Quero dizer que ele não aguentou mesmo e enfim transbordou no Baile de Dança de Salão Contemporânea, musicalizado por Gigi Favacho e Bruno Arcanjo, que aconteceu nesta mesma noite nos fazendo livres e felizes por inteiro. A energia desse baile estava tão boa que foi impossível ter alguma dança ruim. Pois é, só dança boa, pode isso produção? Digo que pode sim!!!

Foto: Gilberto Goulart

Chegamos então ao terceiro dia (29) iniciando com a gente (noix meixmooo, a Dois Rumos) e nossa oficina de Dança de Salão Contemporânea. Imagina o misto de alegria, orgulho, nervosismo e euforia! (rss… era isso e mais um pouco). Trabalhamos o toque e as conexões profundas através de uma pesquisa corporal pelos ossos, onde cada um pôde se conectar consigo mesmo e com o outro, a ponto de descobrir uma dança intensa, honesta e generosa, muitas vezes perdida nas práticas convencionais das danças a dois. Foi uma cremosidade só!

Foto: Gilberto Goulart

Em seguida Débora Pazzeto e Samuel Samways iniciaram sua aula de Condução Mútua, mostrando que é possível transpor a relação condutor-conduzido, nos apropriando da dança que realizamos juntxs e deixando que ela nos conduza para um terceiro lugar. Achou que isso não era possível? Pois bem, sinto lhe dizer que já chegamos nesse lugar, baby!!

Foto: Gilberto Goulart

Aiai, teve também a Palestra do BeHoppers, conduzida por Fabrício Martins e Camila Magalhães, que através de alguns vídeos e fotos nos mostrou que o pessoal já era desconstruidão em relação ao gênero na dança desde a década de 20!

Foto: Gilberto Goulart

Vale ressaltar também que o grupo criou a campanha “30 atitudes contra o machismo na dança”, a qual você pode conferir aqui e já sair praticando:

Teve uma roda de conversa só de mulheres que dançam e que fazem dança (Santíssima, que momento amigos, que momento!). Elas falaram de suas experiências como professoras, pesquisadoras e empreendedoras. Foi emocionante vê-las juntas naquele palco!!! Que orgulho!

Foto: Gilberto Goulart

E fechando a noite (e também esse evento maravilindo), mais um baile de Dança de Salão Contemporânea, de danças com sabor de amizade, felicidade, prazer, entrega, saudade! As conexões foram tão fortes que parecia que nos conhecíamos há muitos anos (e provavelmente de outras vidas). Que prazer estar em meio a tanta gente linda!

Foto: Gilberto Goulart

E é isto né Brasil, termino este relato com um questionamento, dá pra imprimir um evento e colar na testa?

Infelizmente, segundo minhas pesquisas no famoso Google não é possível.

Mas sabe o que é possível? Compartilhar nossas danças, inquietações, músicas e corpos em movimento sempre que quisermos.

Voltamos para SP com gostinho de “quero mais”!

Foi tão lindo o que vivemos que não queremos mais parar de sentir tudo isso!

"BOATOS DE QUE VAI TER MAIS"

Simmm, boatos mais que confirmados!!!

Segura a emoção, porque entre os dias 14 e 20 de novembro deste ano vai rolar um super encontro desse aqui em São Paulo e iremos estar juntxs novamente, pensando, dançando, sentindo, trocando. Cuida bem do coração e já deixa reservada a data aqui com a gente para o II Encontro Contemporâneo de Dança de Salão, viu!?

 

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